Coastwatch

O Coastwatch é um projeto de âmbito europeu, que permite obter uma caracterização geral da faixa costeira, envolvendo inúmeros voluntários, individual ou em grupo (escolas, CNE, associações, ONGAs, famílias, amigos,….).

Pretende-se caracterizar, no Litoral, a Biodiversidade; a Zonação Costeira (zona entremarés, zona supratidal e zona interior contígua); Erosão Costeira; Resíduos; Contaminação; Pressões Antrópicas,…

Em Portugal, o Coastwatch desenvolve-se há 26 anos, e é coordenado pelo GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Erosão Costeira

Figura 1 - Acesso à praia Maria Luiza - Foto daqui
Erosão: Acção de desgaste de uma rocha, de um depósito ou de uma formas de relevo, desencadeada por processos mecânicos.
São vários os factores indutores da erosão costeira. Embora alguns desses factores sejam (ou possam ser considerados) naturais, a maior parte é consequência directa ou indirecta de actividades antrópicas. Os principais factores responsáveis pela erosão costeira e consequente recuo da linha de costa são:
- elevação do nível do mar;
- diminuição da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral;
- degradação antropogénica das estruturas naturais;
- obras pesadas de engenharia costeira, nomeadamente as que são implantadas para defender o litoral.
Arriba (marinha) ou Falésia (I. cliff) - Forma particular de vertente costeira, com declive forte (15º a 90º). Com frequência utiliza-se como sinónimo o termo falésia, galicismo supérfluo que, todavia, está plenamente integrado na língua portuguesa.
As arribas são talhadas pela acção conjunta de agentes morfogenéticos marinhos, sub-aéreos e/ou biológicos, podendo verificar-se franca dominância de um destes agentes. As arribas podem ser talhadas em, praticamente, todas as litologias. As arribas mais altaneiras são, como é óbvio, talhadas nas rochas mais resistentes à abrasão (granitos, gneisses, calcários dolomíticos, etc.). Porém, também é frequente a ocorrência de arribas, embora normalmente com pequeno comando, em rochas pouco consolidadas ou inconsolidadas (areias das dunas costeiras, tilitos, etc.). Mais informações aqui.

Ao longo dos anos de prática de Coastwatch a erosão tem sido fotografada, monitorizada e debatida. O incidente em Albufeira vem alertar uma vez mais para uma realidade que é do conhecimento de diferentes entidades e da população em geral, em maior ou menor profundidade. A mediatização que tem rondado este episódio vem confirmar que o tema "erosão" só é notícia quando bens materiais e humanos estão em perigo ou são atingidos - veja-se o caso da Costa da Caparica, por exemplo - Porém, a erosão é um fenómeno natural que ocorre ao seu ritmo de acordo com as condições climatéricas, o impacto das actividades humanas, entre inúmeors factores.
A opinião pública pretende encontrar uma causa específica e um culpado. Na verdade causas e culpados são vários. A intensa artificialização sobre a arriba, o peso das máquinas de construção, o sismo, as marés-vivas, o impacto da actividade turística em si e os erros de planeamento que continuam a permitir mais construção em regiões só por si frágeis.
Convém não esquecer que a fragilidade é uma das características das arribas. Autoridades e público em geral não podem esquecer este facto. Cada uma das partes deve fazer o que lhe compete. Não se pode continuar a desculpar os cidadãos que não respeitam sinalização nem tão pouco uma área vedada com uma fita.
A erosão atinge quase toda a costa. Situações de risco iminente são muitas ao longo do litoral português. Vedar todas as zonas para impedir que a spessoas se aproximem é insustentável.
É urgente que os cidadãos aprendam a respeitar a sinalização e as autoridades a agir sobre as situações de risco.
É de salientar que as derrocadas acontecem com frequência, embora predominantemente no Inverno e por isso passam um pouco à margem das notícias.

Figura 2 - A erosão costeira, traduzida em recuo médio anual da linha de costa, em Portugal. Adaptado de Ferreira et al. (in press).
O mapa da figura 2 permite-nos constatar que o recuo médio anual da linha de costa é preocupante em praticamente todo o litoral (mais informações aqui).

Figura 3: Zonas de Risco na Orla Costeira
A figura 3, representa as zonas de risco na orla costeira. Não obstante estes conhecimentos e os alertas dos técnicos, investigadores e demais entidades especializadas, a realidade mostra que se continua a construir em zonas de risco e a cometer erros de ordenamento e gestão costeira.
Deixe a sua opinião sobre o tema da erosão costeira, envie-nos fotos e outros testemunhos.
Mais informações aqui .