Coastwatch

O Coastwatch é um projeto de âmbito europeu, que permite obter uma caracterização geral da faixa costeira, envolvendo inúmeros voluntários, individual ou em grupo (escolas, CNE, associações, ONGAs, famílias, amigos,….).

Pretende-se caracterizar, no Litoral, a Biodiversidade; a Zonação Costeira (zona entremarés, zona supratidal e zona interior contígua); Erosão Costeira; Resíduos; Contaminação; Pressões Antrópicas,…

Em Portugal, o Coastwatch desenvolve-se há 26 anos, e é coordenado pelo GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Projecto Coastwatch - Metodologia

A metodologia do projecto é simples. O levantamento da informação obtém-se a partir do preenchimento de um questionário in loco, por todo o litoral, até à entrada dos estuários. Como base de trabalho é utilizado um mapa à escala 1/25.000, correspondente a um bloco de 5km; este é dividido em 10 unidades de 500m. A área total para análise está delimitada no mapa (fig. 1).
A observação incide sobre a Zona Intertidal (Zona entre as linhas normais de maré cheia e de maré vazia); a Zona Supratidal (Zona entre a linha normal de maré cheia e a linha máxima atingida nas marés vivas e Zona Interior Contígua (faixa de 500m de largura paralela à linha de costa contada para o interior a partir da linha máxima atingida pela água do mar no período das marés vivas ou desde o bordo da falésia).
A divisão dos blocos está organizada segundo as NUT III (Nomenclatura de Unidades Territorial para fins estatísticos), estipuladas pelo INE, sendo que esta segmentação em blocos foi definida, primeiramente de Este para Oeste, na costa meridional e de
Sul para Norte na costa Atlântica. Porém, os novos mapas com reestruturação dos blocos estão a ser definidos de Norte para Sul
Fig.1 - Mapa de campo (exemplo)
O preenchimento do questionário prevê, de entre diversos parâmetros, a caracterização das descargas líquidas no mar ao longo da unidade. Para este fim são distribuídos Kits para teste de nitratos que incluem as fitas de análise e uma tabela de leitura (Fig. 2).

Figura 2 – Kit de Nitratos

A monitorização é feita em período de baixa-mar para uma correcta recolha de informação na Zona Intertidal. A visualização da tabela de marés pode ser feita em http://www.hidrografico.pt, bastando seleccionar o dia e o local onde se pretende fazer a saída de campo.
Esta metodologia desenvolve-se por todo o litoral com a colaboração dos Coordenadores Regionais (representantes de ONGA, autarquias - que a partir de 2003 passaram a demonstrar um interesse em incluir o projecto na sua agenda de actividades de Educação Ambiental - associações diversas, escolas, universidades, entre outras entidades e participantes em geral).
A Coordenação Nacional reúne em Setembro de cada ano, com os Coordenadores Regionais para preparar cada campanha. Distribui-se o material, calendariza-se actividades e discutem-se aspectos de logística e pedagógicos do projecto, com o intuito de envolver o maior número de participantes possível, aumentar a taxa de cobertura, mas acima de tudo garantir que o Coastwatch funciona como uma prática de educação e Desenvolvimento Sustentável.
O GEOTA desenvolve ainda actividades de formação em escolas e outras entidades como meio de preparar os participantes para a monitorização da área pretendida. Aos participantes é entregue um guia de campo, como instrumento de auxílio.
Por assentar no trabalho desenvolvido pelas escolas, o projecto é dinamizado por ano lectivo, de acordo com o calendário escolar. Assim, o lançamento de cada campanha é feito em Setembro, a monitorização tem sido efectuada de 1 de Outubro a 31 de Dezembro (a partir do ano lectivo de 2007/08 o período de monitorização decorrerá de 15 de Setembro a 31 de Dezembro). O tratamento estatístico e a elaboração do relatório desenvolvido durante o 2º período lectivo e a apresentação dos dados, no Seminário Anual, ocorre no início do 3º período, para que docentes e alunos possam desenvolver e apresentar trabalhos resultantes da sua monitorização ou outros sobre o litoral.
Tendo em conta as alterações nos estatutos da carreira docente e a organização das actividades escolares, o Seminário irá ser realizado por forma a incidir no período de fim de semana ou feriado para que os principais interessados – professores e alunos – possam comparecer e envolver-se nas actividades desenvolvidas durante o evento.
Para concorrer ao projecto, basta contactar o GEOTA ou qualquer um dos coordenadores regionais, inscrever-se, utilizando as fichas próprias (escola participante, grupos de participantes ou participantes individuais) e solicitar o material necessário para a campanha: mapa da respectiva área, questionários, guia de campo e fitas de nitrato. O portal
www.geota.pt disponibiliza os questionários, as fichas de inscrição, os relatórios e outras informações relacionadas com o projecto.Após a implementação da campanha no terreno, os elementos retirados dos questionários são introduzidos numa base de dados alfanumérica e submetidos a tratamento estatístico.

Conscientes da importância que assume a identificação dos diferentes parâmetros na qualidade ambiental da costa portuguesa, os dados são posteriormente divulgados, em Seminário, a todos os participantes e interessados nas temáticas focadas pelo projecto ao longo de cada campanha.
Pretende-se também, através desta acção, divulgar os trabalhos realizados pelas escolas e coordenadores regionais, principais intervenientes no processo. O relatório anual é posteriormente enviado aos coordenadores regionais, escolas participantes, divulgado pela comunicação social, ficando ainda disponível on-line (http://www.geota.pt/).

Sendo o projecto vocacionado essencialmente para professores os Seminários, a partir da campanha 2004/05, passaram a ser acreditados com 0,6 créditos. Mediante a participação em todas as actividades programadas para os 3 dias do evento e posterior entrega de relatório, os docentes podem candidatar-se à respectiva acreditação reconhecida pelo Centro de Formação Professor Orlando Ribeiro.

A figura 4 mostra a evolução do número de escolas envolvidas no Coastwatch, a partir da campanha 1999/2000 (a ausência de dados fiáveis nos anos transactos impede uma clara leitura desde o seu inicio).
É notório o aumento do número de escolas envolvidas no projecto; consequentemente as escolas, enquanto entidades, e os alunos, enquanto público-alvo do projecto, passam a deter o maior peso no total dos participantes tendo estabilizado nos últimos anos em torno dos 70% do total.
Na generalidade, um aumento do total de participantes corresponde a um aumento do número de alunos envolvidos no projecto. Tal prova a importância da escola enquanto fio condutor dos projectos de educação ambiental e também a necessidade de manter um professor requisitado com exclusividade para gerir o Coastwatch.
Após a campanha de 2003/04, com a requisição da actual coordenadora, passou a ser pedido aos coordenadores regionais e participantes em geral que especificassem na ficha de inscrição a entidade a que pertencem (ONG, grupos, outros associações, etc.). No caso dos professores, foi igualmente solicitado que indicassem a disciplina leccionada, independentemente de se tratar de Áreas Curriculares ou Não Curriculares (Formação Cívica, Área de Projecto e Estudo Acompanhado).
Embora muitas fichas dêem entrada no GEOTA incompletas – o que dificulta o rigor na análise estatística – este procedimento permite compreender melhor a evolução e comportamento dos participantes no projecto que, por ter quase 20 anos de existência, necessita de reformulação.
Apesar de algumas oscilações, a campanha transacta reflecte um aumento em todos os parâmetros. De realçar o papel crescente dos agrupamentos dos escu(o)teiros. No total dos participantes, estes encontram-se em segundo lugar, seguidos dos alunos.
Em suma, poder-se-á dizer que o Projecto Coastwatch defendido, primeiramente, como um projecto de monitorização, evidenciou, desde a sua implementação, uma grande vertente educativa direccionada para as questões da educação ambiental no âmbito do litoral. Isto é, se para alguns o projecto serve unicamente como ferramenta de caracterização, para muitos potencia a cidadania como meio de formar indivíduos activos e participativos.